terça-feira, junho 19, 2012

Arco-íris brasileiro


                         

Os “shoppings”, os clubes e os altos cargos são majoritariamente brancos. As favelas, as ruas e os empregos menos favorecidos são majoritariamente negros. Talvez o mais justo fosse um Brasil mais cinza. Temos, então, um país leigo nesse aspecto, o que se confirma com a panfletagem brasileira e a repercussão das cotas.

A propaganda brasileira merece reparos. No mundo da TV reinam padrões que sem querer- ou querendo, quem sabe?- estabelecem uma divisão criteriosa e cheia de rigor. Nos chefes das grandes empresas, os mesmos personagens; nos salões luxuosos, as mesmas madames; nas cozinhas, as mesmas histórias. Sociedade estamental, portanto? Passamos se não essa impressão, a de que a miscigenação não ocorreu aqui e até mesmo que ser negro é a excessão da regra. A cada nova estreia nenhum elemento novo, e quando há resulta num ibope baixo. Sai ano, entra ano e o desrespeito com a lei matemática predomina: a maioria continua a atuar como minoria.

Cotas é uma tentativa de ressarcimento. Seja pelos anos de escravidão ou pela falta de acesso às escolas de alta qualidade- sendo este uma consequência daquele. Há quem diga que essa “ação afirmativa” é um empurrãozinho para o aumento das desigualdades raciais; alegam isto: nenhuma etnia é menos capaz que outra, logo não deve haver privilégio para nenhuma. Esquecem, no entanto, que a livre concorrência é um mito, pois o descarado ‘embranquecimento’ feito aqui no Brasil com a migração deixa claro que os negros demoraram muito para conseguir algum espaço, mesmo que pequeno. Injustiça, portanto, é querer exigir que oportunidades diferentes se convirjam nas mesmas vagas de universidades públicas. Capacidade não é sinônimo de vantagem!

Deixemos os majoritários e reerguemos a simbiose. A plaquinha do “É PROIBIDO” deve ser retirada não só da TV nem das universidades públicas, mas também de outras mais rotineiras. A repercussão da desigualdade racial na herança do Brasil vai desde os protagonistas ou honestos brancos a empregados ou bandidos negros. Um país verde-amarelo mais cinza sim.

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