Os “shoppings”,
os clubes e os altos cargos são majoritariamente brancos. As favelas, as ruas e
os empregos menos favorecidos são majoritariamente negros. Talvez o mais justo
fosse um Brasil mais cinza. Temos, então, um país leigo nesse aspecto, o que se
confirma com a panfletagem brasileira e a repercussão das cotas.
A propaganda
brasileira merece reparos. No mundo da TV reinam padrões que sem querer- ou
querendo, quem sabe?- estabelecem uma divisão criteriosa e cheia de rigor. Nos
chefes das grandes empresas, os mesmos personagens; nos salões luxuosos, as
mesmas madames; nas cozinhas, as mesmas histórias. Sociedade estamental,
portanto? Passamos se não essa impressão, a de que a miscigenação não ocorreu
aqui e até mesmo que ser negro é a excessão da regra. A cada nova estreia
nenhum elemento novo, e quando há resulta num ibope baixo. Sai ano, entra ano e
o desrespeito com a lei matemática predomina: a maioria continua a atuar como
minoria.
Cotas é uma
tentativa de ressarcimento. Seja pelos anos de escravidão ou pela falta de
acesso às escolas de alta qualidade- sendo este uma consequência daquele. Há
quem diga que essa “ação afirmativa” é um empurrãozinho para o aumento das
desigualdades raciais; alegam isto: nenhuma etnia é menos capaz que outra, logo
não deve haver privilégio para nenhuma. Esquecem, no entanto, que a livre
concorrência é um mito, pois o descarado ‘embranquecimento’ feito aqui no
Brasil com a migração deixa claro que os negros demoraram muito para conseguir
algum espaço, mesmo que pequeno. Injustiça, portanto, é querer exigir que
oportunidades diferentes se convirjam nas mesmas vagas de universidades
públicas. Capacidade não é sinônimo de vantagem!
Deixemos os
majoritários e reerguemos a simbiose. A plaquinha do “É PROIBIDO” deve ser
retirada não só da TV nem das universidades públicas, mas também de outras mais
rotineiras. A repercussão da desigualdade racial na herança do Brasil vai desde
os protagonistas ou honestos brancos a empregados ou bandidos negros. Um país
verde-amarelo mais cinza sim.
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