Prendem-se pássaros para protegê-los de possíveis caças humanas; prendem-se bandidos - às vezes- para proteger a população inocente; e agora se prendem jovens a fim de preveni-los da prisão, literalmente. Toque de Recolher: medida educativa ou mais uma jaula para os nossos “passarinhos”?
A que ponto nós chegamos... Medida educativa; é óbvio. Menores de dezoito anos ainda não respondem por si próprios, são dependentes dos responsáveis; e se os pais não conseguem impor limites que, pelo menos, o Estado tente ditar as regras. Vive-se um momento em que num diálogo entre o crime e um jovem, a última palavra sempre é do jovem: “Sim, senhor!”
Então, que crianças “indefesas” sejam mesmo mantidas em casa depois de certo horário determinado pela medida. Proteção, eis questão. Bom mesmo seriam 24 horas livre. Livre no sentido mais amplo- segurança, lazer e educação-, mas, por enquanto, “liberdade” parcial já nos parece o bastante.
Fere o direito de ir e vir? Fere. No entanto, assassinatos de adolescentes que perambulavam (nas cidades onde a medida foi adotada) à noite pelas ruas também feriam o direito à vida... De que adianta liberdade em urbes violentas? A gaiola, desse ângulo, agora se parece mais uma alavanca que aciona e controla as batidas do coração.
Toque de Recolher é um meio do Estado cujo alvo é, principalmente, nossos adolescentes- o amanhã daqui. Do mesmo modo, o estabelecimento de regras dentro de casa deve ser um método de proteção a eles. Há quem diga que essas são um desrespeito ao direito de ser livre, mal sabem esses que o livre-arbítrio já escoou pelo ralo há muito tempo.
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